Bríggida - nosso avatar!

Bríggida Lourenço & o avatar da AAPB: uma história de resistência e inspiração!

Originado do hinduísmo, avatar significa a "descida de um ser divino à terra, em forma materializada". Já no mundo da internet, essa palavra teve seu sentido ampliado, para fazer referência à "representação gráfica de um/a utilizador/a, geralmente em comunidades virtuais, com o objetivo de se personificar para reforçar sua identidade e presença no universo digital".

Ao iniciarmos nossa gestão, nossa diretoria decidiu que a AAPB precisava e merecia contar com um avatar para reforçar sua identidade. Assim, ficou estabelecido que essa nova persona deveria possuir as seguintes características: 

Foi quando lembramos da figura ilustre da saudosa e brilhante Professora Bríggida Lourenço!

Bríggida Rosely de Azevêdo Lourenço nasceu em 13 de julho de 1983. Sempre foi muito dedicada aos estudos e, quando criança, queria sempre tirar boas notas. Sua dedicação a levou para a formação em Biblioteconomia, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Seu jeito calmo e doce sempre cativava as pessoas que a conheciam. Bríggida via a Educação como caminho para transformar o mundo em um lugar mais justo e igualitário. Transmitia valores positivos para quem convivia e era a mãe dedicada de Bianca Celly

. Era uma pessoa muito organizada e determinada. Na sua profissão, sempre buscou se qualificar para oferecer aos seus alunos o melhor do seu potencial profissional e cidadão. Era mestre em Ciência da Informação, também pela UFPB. Foi professora substituta do Curso de Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em João Pessoa.

Amigos e familiares recordam que Bríggida sempre se mostrou muito comprometida com o trabalho. Jovialidade e responsabilidade se aliavam em sua personalidade. Seu relacionamento com as pessoas sempre fluía com facilidade, graças ao seu carisma e forma respeitosa de sempre tratar os outros. Entre os colegas de trabalho, era aquela pessoa com quem todos sempre podiam contar, pois estava sempre disposta a contribuir. Amava viver e irradiava entusiasmo.

Mas a violência que aflige tantas mulheres no país fez de Bríggida uma vítima. Em 19 de junho de 2012, com apenas 28 anos, ela teve sua vida ceifada pelo ex-companheiro, que não aceitava o fim do relacionamento. Foi encontrada morta em seu apartamento. Juntos com ela, foram assassinados seus sonhos e direitos de viver com dignidade e amor.

Familiares, amigos, colegas e alunos sempre lutaram por justiça. Em 2015, o algoz da professora Bríggida foi a júri popular e condenado por homicídio qualificado a 17 anos e seis meses de prisão em regime fechado. Porém, em 2017, passou a cumprir a pena em prisão domiciliar, após alegar problemas de saúde.

A morte de Bríggida causou grande comoção. A tragédia deixou como legado o alerta para a necessidade de políticas públicas eficazes para proteção das mulheres, que constantemente são vítimas de uma sociedade machista, vistas como uma propriedade masculina e tolhidas em seus sentimentos, direitos e dignidade humana, simplesmente por sua condição de mulher.

Após sua morte, foi criado o Coletivo Feminista Bríggida Lourenço, no Câmpus V da UEPB, em João Pessoa, onde lecionava. Também foi instituída a data  “19 de junho” como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, por meio da Lei 11.166/2018.

O Centro Acadêmico de Arquivologia da UEPB (CAARQ) tmabém passou a receber o seu nome, além do Observatório do Feminicídio na Paraíba, que adotou a mesma medida.

Agora, chegou a nossa vez de prestar uma homenagem e contribuir com a memória de Bríggida! 

Através de um Termo de Autorização de Uso de Imagem, concedido à AAPB por seus familiares, Bríggida estará representada nas nossas publicações e em nossas vidas, como forma de proclamar que a covardia e a violência não conseguirão apagar essa importante mulher do seu rico cenário de atuação. Dessa forma, sempre que vocês virem nosso avatar, é porque a AAPB estará presente e, com ela, a memória de Bríggida!

Fonte: Observatório do Feminicídio da Paraíba.